A terra é o ponto de partida – e de retorno. Na exposição “Matéria.Design: A Terra”, o MateriaLABdesign e a Casa Seva convidaram criativos brasileiros para transformarem essa matéria-prima em projeto e linguagem.
André Bastos + Argus Caruso, Suite Design, Diego Motta + Bioseri, d.Propósito + Bruno Camarotti e Superlimão apresentam peças feitas em barro, taipa, pau-a-pique e argila impressa em 3D. São vasos, mesas, banco e luminárias que revisitam técnicas tradicionais sob uma ótica contemporânea – explorando o diálogo entre ancestralidade, sustentabilidade e futuro.
“A escolha da terra é uma forma de honrar o material primordial, presente em abundância no mundo todo. Algo aparentemente simples, mas de enorme complexidade e também uma referência à própria ‘instituição Terra’, o planeta de onde todos os materiais vêm”, afirma Carol Piccin, diretora do MateriaLABdesign.
Para além da sua materialidade, a terra é tratada aqui como elemento de experimentação (e de memória). Cada projeto reflete um modo de criar que respeita os ciclos naturais e nos convida a refletir sobre o papel do design como agente de transformação – e cuidado.
“Trazer a terra como tema central é, para a Casa Seva, resgatar a ancestralidade e reafirmar sua relevância na contemporaneidade. A mostra convida a refletir sobre como habitamos o mundo e celebra reconexão, memória, responsabilidade e beleza”, analisa Carolina Pileggi, fundadora da Casa Seva.
As luminárias Costuras da Terra (acima), desenvolvidas pelo Superlimão, partem da impressão 3D com argila para dar nova vida a fragmentos de cerâmica. As diferentes camadas são “costuradas” com fios de cobre, criando volumes e sombras para difundir a luz no ambiente. Uma união entre o primitivo e o contemporâneo.
Usando a técnica do pau a pique, André Bastos e Argus Caruso criaram vasos inspirados no livro O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon (acima). “Cada vaso tem furos que funcionam como dedos, permitindo que as pessoas plantem e tragam o verde delas, transformando o cinza em vida”, diz a dupla.
Criadas pela Suite Design, as mesas laterais Erosão (acima) combinam taipa de pilão — produzida em parceria com a Taipal — e plástico reciclado prensado, fornecido pelo Grupo Abdou. A peça é um monolito de linhas ortogonais e aparência precisa, quase industrial. O contraste surge quando uma fenda irregular corta a superfície, revelando o interior terroso. A intervenção cria diálogo entre dois mundos: o da matéria natural, viva e imprevisível, e o da racionalidade humana e da produção em série. A obra questiona o controle sobre a natureza e evidencia o que resiste (taipa) sob a superfície construída (plástico reciclado).
Criado por Fábia Toqueti, fundadora da d.Propósito, em parceria com o designer Bruno Camarotti, o banco Reverso (acima) une terra e madeira mesma estrutura. A inspiração veio das memórias da infância da designer, vivida em casas de taipa no interior paulista, e da vontade de se reconectar a esse material. A colaboração com Camarotti trouxe o domínio da escultura em madeira, resultando em um diálogo entre a solidez do tronco e a maleabilidade do barro.
Desenvolvida por Diego Motta em colaboração com Marcela Ary, da Bioseri, a luminária Solo (acima) combina três matérias-primas naturais — terra, feno e madeira reaproveitada. As texturas do barro e da madeira são um convite para que as pessoas se aproximem da materialidade essencial do objeto.
Uma ótima sacada na exposição: essa mesa (acima) com todos os materiais usados no desenvolvimento dos produtos expostos.
(Fotos: DDB e divulgação)
Matéria.Design: A Terra
Até 22 de novembro de 2025
Casa Seva: Al. Lorena, 1257, São Paulo
Terça a sexta, das 11h às 18h | Sábado, das 11h às 15h
Entrada gratuita
www.casaseva.com
