London Design Festival 2020: Paul Cocksedge explora os limites do vidro plano

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No último fim de semana teve início o London Design Festival, na minha opinião um dos festivais mais bacanas de design (principalmente quando o assunto é design autoral e experimental). Aos poucos vou contando por aqui outras novidades sobre o evento, mas quero começar falando da série Slump, criada por Paul Cocksedge e apresentada na Carpenters Workshop Gallery por ocasião do LDF.

Gosto demais do trabalho de Cocksedge, acho que ele experimenta com os materiais de uma forma super criativa – já mostrei outros dois projetos bacanas dele aqui: Evicted (2017) e Please Be Seated (2019).

Desta vez, ele usou lâminas industriais de vidro para criar uma série limitada de mesas e aparadores. Por meio de processos complexos, ele consegue dar a este material – rígido e plano – uma flexibilidade e uma fluidez inesperadas.

As lâminas são trabalhadas sob altas temperaturas e pressionadas sobre materiais industriais e naturais, incluindo concreto, aço, madeira e rocha. O vidro adapta sua forma à superfície de cada material, mas reage de maneiras diferentes a cada vez, criando peças únicas. Cada peça é o resultado da colaboração com dezenas de artesãos britânicos, utilizando técnicas e máquinas especializadas.

Algumas peças usam materiais naturais como base (pedras e tronco de árvore), mas confesso que prefiro as que empregam os materiais industriais (como aço e concreto), talvez até porque as primeiras me remetam ao trabalho da Carol Gay (ainda que a proposta de ambos seja bem diferente – enquanto as peças de Carol são feitas com vidro soprado, artesanal, as de Cocksedge partem do vidro plano, industrializado).

“Este trabalho é uma reação ao meu fascínio de longa data pelos materiais produzidos industrialmente”, contou Cocksedge. “Ao longo da minha carreira, visitei centenas de fábricas repletas de folhas planas e rígidas de vários materiais – madeira, metal, mármore, pedra ou vidro. Sempre achei que essa planaridade tem uma tensão visual, e eu queria explorar como relaxar e suavizar essa característica, dando ao material espaço para expirar”, diz o designer.

“As peças em si são um simples gesto visual, mas o processo por trás delas foi complexo. O desafio era como transformar algo que foi tornado plano e retrabalhar esse material, evitando colocar o ‘estresse’ de volta no vidro.”

Loic Le Gaillard, um dos fundadores da Carpenters Workshop Gallery, completou: “Paul criou este efeito fascinante com lâminas de vidro industriais que caem suavemente sobre aço patinado, madeira ou rocha, e ganham um aspecto protetor e flexíve – atributos que talvez ressoem mais em nós agora do que antes, tendo em vista [os acontecimentos de] os últimos meses.”

“Há uma sensação de que [a execução das peças] não exigiu esforço, o que é bastante interessante para mim, porque a ideia [em si] não exigiu esforço. A parte intermediária foi intensa: pesquisa, tecnologia, colaboração … e então o resultado é tão natural quanto foi a ideia no início”, conta Cocksedge no vídeo abaixo. Vale assistir!

(Fotos: divulgação)

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