Foi uma experiência e tanto: me senti entrando numa espécie de portal que conectava passado e atualidade, ausência e presença. Visitar a casa de Jorge Zalszupin (1922-2020) não foi só emocionante, mas também surpreendente.
Livre de todos os adereços e ornamentos de quando era habitada, a casa projetada pelo mestre (e onde ele passou boa parte de sua vida) revela a ousadia de sua arquitetura. Zalszupin mesclou de maneira impecável elementos altamente diversos, como o teto curvo em pinho-de-riga, as paredes brancas com reboco irregular, azulejos portugueses, piso de lajotas cerâmicas e vitrais coloridos.
A ocupação ateve-se ao essencial: com exceção de algumas peças caipiras que faziam parte de sua coleção pessoal, todos os móveis (e as obras de arte também) foram criados por Jorge. Alguns, antigos, pertenciam à casa e lá permaneceram. Outros, atuais, são reedições originais da ETEL Design, que promoveu a mostra.
Viagem instantânea
Ao entrar no living, a impressão que tive foi a de estar ingressando em um templo, um lugar sagrado – possivelmente pela combinação do pé-direito alto e do teto curvo com o mobiliário em tons amadeirados e off-white. Pensando bem, acho que não era impressão. Afinal, ali estavam reunidas criações geniais de um dos maiores designers modernos do Brasil. Havia, ainda, uma novidade: o lançamento da reedição do sofá e da poltrona Manhattan – criados em 1970 e com poucas peças produzidas na época, agora passam a ser editados pela ETEL.
“ENTRE[TEMPOS] fala desse encontro entre passado e futuro, e daquilo que realmente fica quando se vai – fica a história, fica o legado, fica a obra”, conta Lissa Carmona, CEO da ETEL e responsável pela concepção da mostra ao lado da arquiteta Mariana Schmidt, do MNMA Studio.
A exposição pode ser visitada online até domingo (13.6), no Viewing Room da SP-Arte ou presencialmente* até 30.6, por agendamento.
* Horários restritos em virtude da pandemia — consulte disponibilidade pelo e-mail [email protected]
Fotos: Ruy Teixeira / divulgação ETEL