“Eu escuto”: a nova exposição do Estúdio Campana

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Detalhe da Estante Faquir (2024), produzida com bambu

Na mostra “Eu escuto”, inaugurada em 23 de novembro na Galeria Luciana Brito, Humberto Campana mostra que sua criatividade está pujante como sempre – e como nunca.

Dentre as mais de 20 peças apresentadas pelo Estúdio Campana, muitas se mantêm fiéis à essência de materiais como o bambu, a palha e o ferro, essenciais na pesquisa dos Campana em seus quase 40 anos de parceria criativa (até a passagem de Fernando Campana, 2 anos atrás). A estas matérias-primas, somam-se outras como a madeira maciça, o adobe e a terracota. Todas trabalhadas de um jeito muito “Campana” e ao mesmo tempo com algo diferente.

Isso se explica na fala de Humberto: “Esse período de 2 anos exacerbou meus sentidos de maneira muito profunda. O silêncio e a reflexão sobre o aprendizado da história que tracei com Fernando me mostrou que, essencialmente, aprendemos a ouvir um ao outro. Não necessariamente em concordância, mas sempre abrindo espaço para o olhar de cada um. Hoje, posso dizer que continuo ouvindo e aprendendo com ele em sonhos e memórias de tantos anos trabalhando juntos, o que talvez explique a explosão de ideias destes últimos anos”.

Estante Faquir (2024), produzida com bambu

Fiquei particularmente fascinada com as peças em bambu: banco e estante foram feitos sem recorrer a nenhum outro material, apenas tirando partido da resistência e versatilidade dessa gramínea tão abundante e ecofriendly – mas ainda pouco explorada no design e na arquitetura do nosso país.

Totem Buco (2023), produzido com terracota e metal

Totem Papila (2024), produzido com terracota, palha e metal

Detalhes do Totem Papila (2024) produzido com terracota, palha e metal

Destaco também as estantes em terracota, todas criadas como totens que remetem a tradições de povos ancestrais de diferentes partes do globo, e que aqui assumem o papel de “altares onde depositamos símbolos do nosso afeto e tudo mais que queremos proteger”, como diz o release da mostra.

Detalhe do Totem Papila (2024), produzido com terracota, palha e metal

Curiosamente, quando recebi o e-mail da assessoria da galeria e olhei para a imagem da foto acima, logo me veio à mente um alto-falante – depois entendi que era um detalhe da estante Papila. Numa expo que se chama Eu Escuto, é uma coincidência (ou não) sugestiva, concorda?

Console Figueira (2023), produzido com madeira maciça e adobe (terra e fibra vegetal)

Estante Paineira (2023) produzida com ferro e adobe (terra e fibra vegetal)

A mostra pode ser visitada até 20 de dezembro de 2024, na Luciana Brito Galeria: Av. Nove de Julho, 5162, São Paulo. Se eu fosse você, não perdia.

Poltrona Raízes (2023), produzida com sobras de pele de carneiro. Anel Capacho (2017/2024), produzido em metal banhado a ouro e piaçava.

(Fotos: Fernando Laszlo / divulgação).

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