Trama Afetiva: coletivo propõe moda sustentável e possível

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Em um momento no qual é essencial pensar no futuro do planeta (e agir também), tanto ecologicamente quanto socialmente, iniciativas que contribuem para uma mudança positiva nesses aspectos merecem ser exaltadas. E na semana passada, durante a edição da Feira na Rosenbaum que aconteceu no Museu A CASA, pudemos conhecer de perto o trabalho bacanérrimo do coletivo Trama Afetiva.

Criada em 2016 pela Fundação Hermann Hering e por Jackson Araújo, a Trama Afetiva é uma plataforma de design social e regenerativo que busca inovar em seus produtos por meio da reutilização de tecidos de náilon provenientes de guarda-chuvas recuperados de aterros sanitários. O trabalho socioambiental também busca colocar as pessoas no centro dos processos, potencializando discursos e corpos que a moda tem invisibilizado, como corpos negros, transvestigêneres, gordos e PCDs. Detalhe: buscando gerar resíduo zero durante a produção.

Thais Losso, estilista e colaboradora da marca, criou técnicas que transformam cada guarda-chuva em 42 metros de fita de náilon, permitindo seu uso nas técnicas de crochê, tricô, macramê e tear. A coleção Kimonos teve Thais à frente da direção de moda e é feita utilizando partes inteiriças dos tecidos de guarda-chuvas. Com a filosofia de compartilhamento de ganhos, cada peça sai por R$ 300, valor que é investido para pagar as costureiras e as catadoras que recolhem os guarda-chuvas dos aterros.

Em entrevista ao DDB, Jackson Araújo contou que atualmente a Trama Afetiva vem trabalhando em duas frentes. A primeira é o fortalecimento da cooperativa de catadoras AVEMARE, em Santana do Parnaíba, com treinamento de costura para um grupo produtivo de costureiras que está se formando lá dentro. E a segunda é o aprofundamento dos aprendizados em crochê para as Empreendedoras da Quebrada, grupo produtivo formado por mulheres em situação de rua.

“Todas essas mulheres nos inspiram a continuar nossas pesquisas em design para que possamos colaborar com a sustentabilidade financeira delas. Em termos de produção, estamos experimentando novas modelagens versáteis em peças que possam vestir mais tamanhos de corpo. Já conseguimos avanços significativos com os Kimonos, a serem lançados em breve no nosso instagram @trama_afetiva. E também estamos organizando nossas pesquisas no sentido de preparar a próxima coleção a ser desfilada no Brasil Eco Fashion Week, no segundo semestre”, contou Jackson.

Para obter um dos produtos, é necessário aguardar a chegada dos náilons da cooperativa de catadoras. Depois de os tecidos serem higienizados e separados, o time de designers-tutoras organiza a compatibilidade de tecidos e estampas, gerando um lote limitado e exclusivo de opções que são apresentadas em forma de catálogo. O consumidor interessado pode entrar em contato via DM do instagram, para escolher, dentre as combinações disponíveis, a que deseja e só então a produção tem início.

Tudo é feito de maneira humana, com modo de produção slow, que busca entregar a cada cliente uma peça única e exclusiva, com um valor justo que é revertido de maneira consciente.

(Fotos: Simone Marinho / divulgação)

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