E se o simples ato de pintar uma casa ou prédio pudesse ajudar a despoluir o ar que nós respiramos?
Pois foi essa a ideia da arquiteta e designer Kukbong Kim ao criar Celour, uma tinta que captura e armazena o gás carbônico da atmosfera. E que, ainda por cima, é feita a partir de resíduos de concreto.
A tinta, que pode ser usada em interiores e exteriores, é feita de pó de resíduos de concreto (WCP – sigla para Waste Concrete Powder, do inglês), um subproduto da reciclagem de concreto.
Todos os anos,140 milhões de toneladas do material são recicladas e esse processo gera cerca de 70 milhões de toneladas de WCP – e isso só nos Estados Unidos! Mas nem todos os ingredientes desse concreto que foi reciclado são usados novamente na indústria da construção.
Trocando em miúdos
O concreto é composto basicamente de cimento e agregados – graúdo (brita) e miúdo (areia). Mas o processo de reciclagem do concreto requer a separação entre o cimento e os agregados, já que apenas os agregados podem ser reutilizados. O material vindo da demolição é levado para a usina de reciclagem e lá é triturado, peneirado e moído – surge, assim, o WCP, que representa de 20% a 50% do volume total de concreto reciclado.
Normalmente esse pó residual é enterrado e acaba poluindo o solo e a água. Mas “surpreendentemente, a avaliação deste resíduo à base de cimento mudou positivamente ao longo dos anos. Isso porque se descobriu que os ingredientes de cimento dentro do concreto de demolição podem ser usados para capturar e armazenar o dióxido de carbono”, explica Kim.
A ideia é que a Celour possa reabsorver uma parte significativa das emissões geradas na produção de concreto novo. Para desenvolver a tinta, Kim fez vários experimentos mesclando o pó de concreto com água, pigmentos e um aglutinante. Segundo ela, cada 135 gramas de Celour são capazes de capturar até 27 gramas de CO2, “a mesma quantidade que uma árvore normal absorve por dia”.
Esse projeto foi desenvolvido na pós-graduação em Innovation Design Engeneering que Kim realizou no Royal College of Art e no Imperial College London. Fico na torcida para que se torne um produto comercial em breve!
(Fotos: divulgação)