“As pessoas não podem viajar, mas os móveis sim”. A frase provocativa estava no e-mail que recebi ontem da assessoria de imprensa da Moooi, e me fez pensar sobre como eles souberam se adaptar ao momento atual e tirar partido das limitações impostas pela pandemia.
Ontem, durante o Fuorisalone digital, que aconteceu em Milão, a empresa holandesa lançou a poltrona Hortensia, criação de Andrés Reisinger e Júlia Ésqué. Como estratégia, espalharam poltronas em pontos icônicos da cidade, para serem provadas (e fotografadas) pelas pessoas que por ali passavam. Também criaram quiosques em outros locais, que serviam de cenário para o móvel e também armazenavam as flores (hortênsias, claro) que eram distribuídas ao público.
A poltrona, em si, começou como um render criado em 2018 por Andrés Reisinger. A ideia era criar a sensação de se sentar em uma flor e ser envolvido por suas pétalas suaves, ou seja, replicar a natureza para criar uma sensação de conforto e relaxamento (o que temos desejado mais do que nunca no último ano, não é?). Rapidamente a imagem viralizou e o designer começou a buscar parcerias para transformar o virtual em real (no começo deste ano, ela foi vendida por 450 mil dólares, junto com várias outras, em um leilão virtual).
No início de 2019, Andrés encontrou a designer de produto Júlia Esqué, que se dedica à área têxtil, e topou o desafio. Ela desenvolveu o tecido Petal, formado por mais de 30 mil pétalas de tecido de poliéster cortado a laser. Além do Petal (nas versões rosa e cinza), a poltrona pode ser revestida com mais de 70 tipos de tecidos planos, customizáveis pelo site da Moooi (gosto muito da opção em veludo marinho, mostrada mais abaixo).
Vale observar a inteligência da Moooi ao criar duas versões de um mesmo produto: uma com pegada mais conceitual, com alto valor no que diz respeito à formação de imagem de marca, e outra mais comercial, que muito provavelmente se traduzirá em mais receita.
Fotos: Mattia Greghi (Hortensia em Milão), Júlia Esqué (processo) e divulgação