Na semana passada, durante o webinar Casa Vogue Experts, tive a sorte de ouvir Patricia Urquiola falar sobre seu processo criativo neste último ano. Uma figura solar, com energia e disposição invejáveis, a designer espanhola radicada em Milão mostrou os diversos projetos que ela e sua equipe desenvolveram e lançaram desde o início da pandemia.
Sendo Urquiola uma figura proeminente em nosso mercado, já era esperado que eu conhecesse boa parte dos projetos apresentados, mas ouvir os detalhes e bastidores da criação é sempre muito especial. E, de quebra, acabei “descobrindo” um produto superbacana: a poltrona Lud’o, criada para a Cappellini – o nome homenageia o mestre Ludovico “Vico” Magistretti (1920-2006), com quem ela trabalhou no departamento de design da DePadova.
Patricia contou que percebeu que “havia muito erro na forma como abordávamos os estofados” e que, para otimizar o ciclo de vida do produto e, posteriormente, sua reciclagem, “os componentes de um objeto devem ser sempre desmembráveis”, e nos estofados isso não costuma acontecer. Esse raciocínio foi a base para a criação da poltrona Lud’o, composta por três elementos separados: a base, o corpo e a “vestimenta” – uma “roupa-estofamento” acolchoada que pode ser facilmente trocada conforme as estações, ocasiões ou estado de espírito.
A base pode ser um cone giratório de alumínio, uma estrutura com 4 pés radiais ou ainda 4 pés retos. O corpo é feito de plástico reciclado moldado por rotação, e sua estrutura é propositalmente essencial porque é a “roupa” que define o produto — não só em termos de aparência, mas também de conforto. Dentre as cinco alternativas de “vestimentas”, vale mencionar um estofamento esportivo de náilon e PET reciclados, criado totalmente a partir de plástico reciclado e lixo recolhido do oceano.
Não sei se é por causa do meu histórico (o tema do meu mestrado foi a influência da moda no design de móveis e outros produtos para a casa), mas adorei essa solução!
(Fotos: divulgação Cappellini)