Foi inaugurada hoje e segue até dia 7/10 a mostra Modernos Eternos SP. Idealizada e organizada pelo jornalista Sergio Zobaran, ela acontece desde 2014 e tem uma proposta bem interessante: todos os móveis, objetos e obras de arte que compõem os ambientes estão à venda.
Agora em sua 7ª edição, o evento acontece em versão totalmente digital e tem como cenário um ícone do modernismo paulistano e brasileiro: a Casa da Rua Bahia (acima), criada por Gregori Warchavchik em 1930. A iniciativa de sediar a mostra em um edifício histórico é louvável, e serve como incentivo à valorização de nosso patrimônio arquitetônico.
Dentre os cerca de 40 espaços – assinados por arquitetos de todo o Brasil e também de outros países –, cinco chamaram especialmente minha atenção. São eles:
Loft 55 Cultural, por Studio Zanini
Um anexo construído no jardim da casa, a construção abraça a majestosa árvore de pau-ferro de 24 metros de altura, plantada por Mina Klabin, mulher de Warchavchik e autora do paisagismo original. No térreo, pensado para funcionar como uma galeria, um grande vazio permite a entrada de luz natural e destaca a base da árvore, enquanto o piso superior é um terraço-praça, com vista para a casa e todo seu entorno. Poltronas e mesas são criação do Atelier Zanini de Zanine e do Studio Zanini, respectivamente.
Sala de Banhos, por Stella Crissiuma e João Rangel Crissiuma
O resgate de elementos originais da casa — como o piso de granilite verde claro e a banheira em cerâmica verde jade — e o uso de linhas puras, que dialogam com a arquitetura modernista, demonstram uma postura reverente ao patrimônio arquitetônico. O tom do revestimento da parede (lindo!) foi escolhido para dialogar com o piso e a banheira preexistentes. O contexto se completa com poucas (e ótimas) peças assinadas por mestres do modernismo brasileiro, como a luminária de Lina Bo Bardi e a penteadeira com banquinho de Jorge Zalszupin.
Offline Lounge, por Ana Weege
As aberturas generosas — que emolduram a paisagem circundante — e a leveza do ambiente como um todo transmitem calma e convidam à permanência e ao relaxamento. A paleta neutra é enriquecida pelo uso de materiais e texturas naturais, além da escolha de peças autorais (como as poltronas de Lina Bo Bardi e o abajur de India Mahdavi), afastam qualquer possibilidade de monotonia.
A Sala Modernista, por Tufi Mousse
A racionalidade modernista (em versão contemporânea) marca o espaço do arquiteto catarinense — a estante totalmente ortogonal, desenhada por Tufi, talvez seja o exemplo mais evidente. Destaque também para o mix equilibrado entre tons claros e escuros, e também entre peças atuais e de mestres do design moderno, como a chaise-longue de Poul Kjaerholm e a cadeira de Jean Prouvé.
Sala Off, por Luciano dalla Marta
A vertente orgânica do modernismo inspirou o arquiteto paulista na criação deste living, criado para favorecer o relax e o acolhimento. Assim, estofados confortáveis e tecidos naturais, aliados a tons claros e linhas curvas definem a atmosfera do espaço. O único traço rígido está na estante de divisão cartesiana — mas situada em uma parede curva, revestida de pergaminho.
Todos os ambientes podem ser acessados (Visita Virtual Imersiva 360) no portal da mostra. Fica a dica!
Imagens: Emiliano Hagge (foto Casa da Rua Bahia) e divulgação (renders)