Dois lançamentos, dois caminhos: artesanal e industrial. Assim será a participação de Ana Neute na SP-Arte Viewing Room 2020, que inaugura hoje e segue até o dia 30/8. É o terceiro ano consecutivo da designer na feira, que nas últimas edições vem, além da arte, abrindo espaço também para o design autoral.
Coleção Bioma
O primeiro projeto é um trabalho que mescla arte, design e produção artesanal. A coleção Bioma é composta por uma série de carimbos esculpidos à mão, feitos com madeira de reuso de quatro árvores nativas brasileiras: cabreúva, freijó, imbuia e sucupira. E surge de forma colaborativa entre Ana, o designer Otavio Coelho e o ilustrador Thiago Fink.
A ideia inicial era “criar um objeto de design com o qual fosse possível brincar e interagir”, me contou Ana, que então evoluiu para a ideia de uma coleção de carimbos-objetos. “Queríamos que os carimbos tivessem um aspecto macio, não tivessem cabo, quase como se fosse um chocolate, explorando um aspecto mais sensorial da madeira”.
As quatro espécies foram, então, “dissecadas” e, pelas mãos de Thiago, suas partes tornaram-se ilustrações – cada uma tendo como suporte a madeira da respectiva espécie – que convidam a infinitas composições. “Cada peça e seus desenhos expressam um registro e memória de cada espécie, além de proporcionar uma experiência lúdica e sensorial”, explicam os designers.
Cada um dos quatro jogos de carimbos é esculpido à mão pela Marcenaria Otavio Coelho e são reunidos em uma caixa da mesma madeira. E seu uso é universal: ao mesmo tempo em que convidam o adulto a fazer sua própria arte – como o próprio Thiago fez, criando os pôsteres mostrados aqui – , também podem funcionar como um brinquedo que contribua de forma lúdica para a educação ambiental dos pequenos.
Fotos: Marco Antonio / Vídeo: Bruno Zampoli
Luminária Canoa
O segundo lançamento de Ana Neute é uma criação individual e produzida industrialmente: a luminária Canoa, desenhada para a Itens. “Eu queria que fosse uma peça muito, muito delicada, que quase sumisse”.
Exceto pela posição invertida, são várias as semelhanças entre a luminária de Ana e as canoas ancestrais, a começar pela lógica produtiva: ambas são construídas a partir de um bloco maciço de madeira, que é escavado artesanalmente.
“A canoa não tem motor, ela simplesmente desliza na água. Tem essa relação de delicadeza, o que eu acho muito bonito. E a ideia da luminária era criar uma delicadeza com a mesa, com o espaço”, reflete Ana. E enquanto a canoa transporta pessoas, alimentos e outros itens, a Canoa de Ana carrega luz em seu interior.
Com proporções delgadas (3 cm de altura e 7 de largura), a luminária pode ser executada com três comprimentos distintos: 50, 100 ou 200 cm, em Imbuia ou Freijó. “Eu imagino o uso dela sobre uma mesa, uma atravessando na frente da outra ou três paralelas em várias alturas…” Fica a dica da autora!
Imagens: Leo de Brito