O cerne da árvore – ou seja, o núcleo do tronco –, embora não participe ativamente da irrigação da mesma, tem importante função estrutural. No entanto, em algumas espécies a degradação deste núcleo é bastante comum, deixando um vazio no centro do tronco.
Foi assim que o designer Samuel Reis, do estúdio português Vicara, teve a ideia de usar o tronco de árvores degradadas na criação das garrafas Cerne. Na verdade, o tronco é usado como molde para soprar o vidro – a colocação de uma dobradiça permite “abrir” o molde após o endurecimento da matéria-prima. A ideia, portanto, foi tirar partido do vazio – literal e metaforicamente, já que a árvore já estava condenada.
A forma final da garrafa fica a cargo da mãe natureza, que imprime o relevo interno do tronco no vidro. À medida que o molde vai sendo usado, cada peça ganha uma forma diferente, pois o vidro quente vai, aos poucos, transformando o interior do tronco.
As peças são produzidas em séries limitadas, sopradas por um artesão vidreiro em Marinha Grande, Portugal, e são comercializadas pelo site Crowdyhouse.