Un-desirables. O nome desse projeto, que conheci durante a última semana de design em Milão, já dá uma ideia da proposta: transformar o indesejável em algo digno de despertar o interesse e, mais que isso, o desejo das pessoas.
Dessa forma, alunos da Escola de Design e Artesanato da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, lançaram novo olhar sobre materiais normalmente rejeitados e/ou indesejados, como sobras e descartes, e, a partir deles, criaram novos materiais e objetos, sempre a partir de processos produtivos de pequena escala.
Aqui estão os três produtos de que mais gostei. Para conhecer todos (são 11 no total), é só acessar o site do projeto: www.un-desirables.com. Todos integraram a mostra Swedish Presence, no espaço La Pelota, em Brera.
Woven Link, design Laetitia Fortin
A designer utiliza a corda, cuja fabricação é “um conhecimento ancestral, comum a todas as culturas ao redor do mundo”, como elemento de transformação dos materiais de descarte. “A corda pode ser feita com todo o material que resista à torsão e usando ferramentas bastante simples. Ao fazer a corda com os materiais de descarte, lhes damos uma nova aparência e uma segunda vida. Neste projeto, usei descartes da indústria têxtil, lençóis de um hospital local e sacolas plásticas usadas. Investigando a feitura da corda, desenvolvi um método que permite parar e retomar o processo de fabricação, criando assim um motivo orgânico que traduz de maneira simples a essência do processo”, explica.
Wasteland, design Sindre Bjerkli
Usando papel de descarte de uma fábrica local, simplesmente colados uns sobre os outros e então trabalhados no torno para criar desenhos, o designer criou banquinhos de formato simples, mas efeito altamente gráfico. “Meu objetivo foi questionar nossos recursos e como os preservamos. No meu processo, foi importante não saber e aceitar as incertezas do resultado. Mais importante do que saber é questionar”, defende.
Svartskär, design Hampus Penttinen
Além da aparência, a cadeira me atraiu pela história que tem por trás. O designer decidiu investigar um problema global: os destroços de corda (de redes de pesca a cabos de âncora) que boiam nas costas ao redor do mundo. “Cientistas mostraram que isso afeta a vida marinha negativamente, e foi com isso que eu quis trabalhar. A corda que usei vem das costas do único parque nacional marinho da Suécia, o Kosterhavet”, explica Hampus.
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