O terceiro e último dia do seminário promovido pelo Design Indaba 2014 reforçou o que já vinha sendo apontado nos dois dias anteriores: o design caminha em direção à simplicidade. Foi o que pudemos ver na palestra do diretor criativo Dean Poole, da Nova Zelândia. No caso dele, que fez algumas referências a Marcel Duchamp ao longo de sua apresentação, a simplicidade não é sinônimo de minimalismo formal. Dean definiu a simplicidade como a arte de decodificar algo complexo para poder conectar com as pessoas.
Um bom exemplo foi o rebranding que ele propôs para a Auckland Art Gallery há cerca de dois anos. Baseado na mesóstica (espécie de poema no qual uma palavra ou frase vertical atravessa um texto horizontal), ele criou a nova comunicação visual do Museu de Auckland. Uma marca forte, mas que tem a flexibilidade necessária para expressar os mais diversos conteúdos.
No caso do rebranding do teatro Silo, também em Auckland, ele brincou com a tipografia para remeter às duas máscaras que simbolizam o teatro. Também bastante simples, mas efetivo.
Para os espetáculos da New Zealand Opera, por sua vez, utilizou um rosto feminino como tela para representar, simbolicamente, o conteúdo da ópera em questão. No caso de Madame Butterfly, de Puccini, o círculo em vermelho com uma gota de sangue faz alusão ao enredo, que lida com os temas do amor, da traição e da honra. Para a La Traviata, de Verdi, por sua vez, flores tomam o rosto da modelo em referência ao “amor que floresce” na história.
Simplicidade também é uma marca do trabalho de Naoto Fukasawa, e aqui inclusive no que diz respeito à forma, normalmente de approach minimalista. “A simplicidade é uma qualidade fácil de ser entendida, por isso tento ser sempre muito simples”, afirma. O japonês comentou que, desde sua outra palestra no Design Indaba (em 2003), o mundo do design ficou mais integrado. “Interaction design não é mais só o nome para quem trabalha com software: nós temos que pensar na interação entre o produto e as ações do usuário, entre o produto e o ambiente que o circunda”. Considerando essa realidade, Naoto, que é professor da Tama Art University, fundou um novo setor na escola de design: o departamento de design integrado, inaugurado no último mês de abril.
Bons exemplos dessa integração pregada pelo designer japonês são a chaleira desenhada para a italiana Alessi (“as formas seguem a chama do fogo”), a linha de chás cuja argola indica a cor que o chá terá quando estiver no ponto (“assim fica fácil saber a hora de tirar o saquinho”) e o híbrido de abajur e porta-trecos, cujo interruptor fica localizado na base e não no fio (“para seguir o movimento natural da mão”).
Também merece destaque a apresentação do designer gráfico Stefan Sagmeister, último palestrante do dia. Verdadeiro showman, o austríaco radicado em Nova York falou sobre seu projeto The Happy Show, no qual busca, por meio do design, promover a felicidade das pessoas. A iniciativa se transformou em uma exposição, que, desde a inauguração no Institute of Contemporary Art da Filadélfia, já passou por outros quatro museus e, segundo Sagmeister, pode vir em breve para a América do Sul (alô, Brasil!).