Design Indaba 2014: dia 2

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Sonoro e surpreendente. Assim foi o segundo dia do Design Indaba, que acontece na Cidade do Cabo, África do Sul.
Primeiro a se apresentar, o designer gráfico e diretor de arte DJ Stout, sócio do Pentagram, fez uma verdadeira ode ao Texas, seu estado natal. Ao som de um piano de cauda (tocado lindamente pelo músico e compositor Graham Reynolds, também radicado no Texas), vídeos com poetas cowboys declamando suas poesias e belas fotos de cavalos, cowboys e outros elementos tipicamente texanos, ele abordou a importância do senso de lugar e de pertencimento para o trabalho criativo. “Meus colegas acham que eu vou para o trabalho andando a cabalo todos os dias. E eu faço o que posso para fortalecer esse mito”, brincou. E, para reforçar, citou uma frase do escritor e folclorista americano J. Frank Dobie, em clara analogia com o design: “A grande literatura transcende sua terra natal, mas nenhuma que eu conheça ignora o próprio solo”.

Outro palestrante que tirou partido da música foi o arquiteto Michel Rojkind, da Cidade do México. Só que – surpresa geral – ele próprio surgiu no palco mandando ver na bateria, com grande desenvoltura, acompanhado por um baixista. Explica-se: antes de se formar arquiteto, Roijkind era músico. Mais um talento desse arquiteto que encantou a plateia do Indaba e foi muitíssimo aplaudido.

“Nós gostamos de trabalhar em colaboração, não porque não saibamos fazer as coisas, mas porque gostamos de ser contaminados com novas ideias”, disse Rojkind ao apresentar o projeto da Cineteca Nacional, no qual em vez de as salas de cinema estarem ligadas por um hall, como normalmente acontece, o que as conecta é um espaço coberto por uma estrutura em forma de grelha e aberto para um belo jardim. O projeto é tão forte que sua execução resistiu até mesmo à troca de governo (e de partido político) no México. Quem mora no Brasil pode imaginar o tamanho desse feito. E o resultado está aí para comprovar o poder da boa arquitetura: o antigo edifício da cineteca recebia 45 mil pessoas por mês; hoje, recebe cerca de 150 mil (e o complexo ainda não esta pronto!).

Ótima também foi a apresentação do holandês Stefan Scholten, da dupla Scholten Baijings, que falou sobre o modo como desenvolve seus produtos no escritório que comanda junto à sua mulher, Carole Baijings. Esta metodologia, batizada por Scholten de “o jeito ateliê de trabalhar”, é baseada essencialmente na experimentação e no uso de modelos de papel para a definição das formas dos produtos. Cores, texturas, materiais e tactilidade vão surgindo organicamente ao longo desse processo. Esse sistema, afirma Scholten, funciona bem tanto para produtos de série limitada quanto para os de larga escala – caso que tem sido mais frequente no escritório nos últimos tempos.
Ele apresentou o projeto do carro conceito Mini Color One, no qual questionam o status quo dos materiais (a carroceria, por exemplo, é fosca e com diversas perfurações), ao mesmo tempo que imprimem seu estilo inconfundível, que alia simplificação formal e o uso elaborado das cores. “Simplificar o objeto é sempre útil”, diz Stefan, que também afirmou, em certo ponto: “a cor é nossa marca, um jeito de dar mais personalidade aos produtos fabricados em massa”.

A simplicidade também foi a tônica da apresentação do publicitário brasileiro Marcello Serpa, da AlmapBBDO, que fez uma bela (e bastante aplaudida) palestra, mostrando cases de trabalhos brilhantes criados a partir de duas premissas: “é preciso ser simples e imprevisível”. Ele apresentou diversos trabalhos, mas destaco duas campanhas criadas para a Volkswagen. Vale conferir nos vídeos a seguir:

“Pode parecer redundante, mas adoro conceitos simples que levam a execuções simples”, frisou. Pela reação da plateia do Design Indaba, Serpa não está sozinho.

 

 

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