Até domingo, 07/04, acontece em São Paulo a 15ª edição da SP-Arte. A mais importante feira de arte da América Latina abriu espaço para o design há quatro anos e agora vê a produção nacional de móveis, objetos e complementos ainda mais fortalecida do que no ano passado. Muito bom ver a produção dos designers independentes ganhando consistência e as grandes marcas percebendo que investir no design autoral é um caminho efetivo para definir uma imagem e ganhar espaço no mercado. A qualidade da produção nacional está tão boa que não foi fácil escolher apenas 20 peças para postar aqui — um “problema” ótimo, vocês não acham?
Vasos Solitários, de Leandro Garcia
Monolitos de mármore do Espírito Santo compõem os vasos Solitários, de Leandro Garcia. Pensados para ser usados em piso, eles pesam de 50 a 60 quilos – em seu interior, um tubo metálico permite a troca fácil da água. (Fotos: Fran Parente)
(R)evolução Zanine, por Etel
Em homenagem ao centenário de José Zanine Caldas, a Etel fez uma linda instalação para lançar a edição de 20 peças do mestre. Minhas preferidas foram esta chaise chaise e a mesinha auxiliar composta por três partes distintas
Palíndromos, do estúdio Alva Design
Os irmãos Susana Bastos e Marcelo Alvarenga, do Alva, montaram uma divertida sala de espelhos, com modelos que exploram a reflexão, característica essencial do material, de diferentes maneiras. Até o nome das peças brinca com o conceito de espelhamento, já que são todos palíndromos. Lúdico, interessante e lindo!
Carrinho de chá, de Jacqueline Terpins
Leveza e essencialidade são os pontos fortes deste carrinho: duas lâminas de imbuia flutuam no ar, ligadas apenas pelos aros metálicos que compõem as rodas. (Foto: Andrés Otero)
“A Natureza se (re)apropria do seu espaço”, por Plataforma 4
Situações em que a natureza reocupa o seu lugar, como uma vila de pescadores invadida pelas dunas de areia ou a famosa Acqua Alta, de Veneza, levaram as designers Amélia Tarozzo, Camila Fix, Flávia Pagotti Silva e Rejane Carvalho Leite, da Plataforma4, a apresentarem essa reflexão. Para tanto, convidaram as designers têxteis Inês Schertel e Ana Vaz para criarem interferências na poltrona Areia Leve (design Plataforma4 para Lider Interiores)
Inês Schertel criou o Xairel (acima), uma espécie de manta franjada, linda e aconchegante, feita com a lã de ovelha feltrada artesanalmente, sua marca registrada. “Assim como os pássaros da área que habito, usam a lã de ovelhas que fica presa nas cercas para fazerem seus ninhos de forma mais protetora e quente, o XAIREL, com suas camadas, faz uso da mesma fibra. A lã, um material renovável e reciclável, é retrabalhada para proporcionar um novo aconchego à Poltrona Areia”, diz Inês.
Ana Vaz, por sua vez, utilizou resíduos de seda para tramar esta manta de textura deliciosa (abaixo). “A intervenção configura-se como um convite para uma experiência sensorial: o fio de seda primitivo, natural e sustentável, se entrelaça num emaranhado que envolve a poltrona. Aquele que ali se deixar, poderá ser surpreendido pelo abraço da trama, outrora, casulo. O que surge dessa integração? CASULO outra vez: bicho-homem-seda”, reflete Ana
Bandejas Fold, do F.studio
O mínimo que é máximo: em três tamanhos, a bandeja criada por Fernando Fernandes, Felipe Vargas e Flávia Araújo, do F.studio, pode ser usada na mesa ou na parede — um acessório permite a fixação em superfícies verticais (Foto: Fran Parente)
Cardio, de Nicole Tomazi
Nicole Tomazi trouxe uma série bastante poética: quatro vasos de vidro soprado, em forma de corações anatômicos, que propõem a construção de novas relações com os nossos afetos. “Esta série tem o intuito de estimular o cultivo do que vai no nosso coração, de olhar de frente para as marcas que o caminho imprime e com elas ver a beleza e a possibilidade de amar”, conta Nicole.
Luminária de parede Orbe, do Estúdio Rain
A composição de formas puras combinada à luz indireta dá um ar poderoso à luminária de parede Orbe, design Mariana Ramos e Ricardo Inneco, do Estúdio Rain. A peça vem se juntar à luminária de mesa, lançada há pouco tempo (e já publicada aqui no blog).
Chaise-longue da linha Machina&Manus, de Guto Indio da Costa para San German
Com presença escultórica, a chaise-longue é formada por uma linha curva contínua. Toda em madeira maciça, sua execução explora os limites da manufatura digital e artesanal
Tapeçaria Desenvolvimentos, de Jacques Douchez, na Passado Composto Século XX
Formas abstratas e uma belíssima paleta de cores se fundem com maestria nesta monumental tapeçaria (5 x 1,90 m) criada por Douchez na década de 1950.
Banco Copan, de Ronald Sasson para Herança Cultural
Flutuando sobre a base metálica, uma estrutura de ripas de imbuia maciça recebe a interferência de três curvas sucessivas, uma homenagem ao famoso prédio de Oscar Niemeyer e suas linhas sinuosas.
Mesas Praça, de Gerson de Oliveira e Luciana Martins para ,Ovo
Com a inclusão de elementos como rampas e escadas, as mesas criadas por Gerson de Oliveira e Luciana Martins, da ,Ovo, remetem a lugares arquitetônicos (Foto: Ruy Teixeira).
Banco W, de Jaime Lerner
Uma única chapa de aço carbono com pintura automotiva, dobrada e sem soldas, dá origem a este banco, desenhado por Jaime Lerner em 2009, mas que somente agora entra em produção. O banco foi lançado na SP-Arte com mais 5 peças que seguiam a mesma ideia: minimizar o uso de soldas e explorar ao máximo as dobras do metal como elemento construtivo.
Tapete Nouveau, de Noemi Saga
Curvas orgânicas em profusão compõem o tapete lançado por Noemi Saga. Dois tipos de ponto — bouclé e cut — são utilizados, mudando a percepção do material (que ora se mostra mais opaco, ora mais brilhante) e enriquecendo o aspecto final da peça. (Foto: Gabriela Namie e Doma02)
Vasos Metaforma, de Claudia Issa para Konsepta
A forma “mole” e a textura que remete à superfície lunar chamam atenção nesta série de vasos apresentados por Claudia Issa.
Estante, de Gustavo Bittencourt
De contrastes é feita esta estante criada pelo designer carioca: redondo x quadrado, frio x quente, colorido x preto. Círculos metálicos encapsulam nichos de roxinho.
Coleção Fluida, de Ana Neute para Itens
Cúpulas de vidro que parecem “escorrer” da base em latão materializam a nova linha de luminárias de Ana Neute — são sete modelos diferentes.
Cadeira Natural, de Ricardo Graham Ferreira para O Ebanista
Explorar as diferentes possibilidades da assimetria foi o desejo de Ricardo Graham Ferreira ao criar esta cadeira. O encosto, além de possuir um só apoio, tem formato que faz alusão aos pés da cadeira, brincando com as referências existentes. Detalhe bem-vindo: uma reentrância no lado direito do encosto facilita pendurar bolsas.
Galinha, de Paula Juchem
Praticamente uma ilustração tridimensional, a divertida Galinha de cerâmica feita por Paula Juchem conserva o traço autoral de sua criadora, mas em outra esfera.
Série (i)Móveis, de Porfírio Valladares para Galeria Bergamin Gomide
Cômodas, bufês e criados-mudos na forma de edifícios compõem uma espécie de cidade imaginária concebida por Porfírio Valladares como “uma alegoria daquilo que se pode observar nas grandes metrópoles brasileiras”, diz ele. As peças foram executadas com primor por Zé Dias, mestre no trabalho artesanal da madeira e parceiro de Porfírio por mais de três décadas.