Décor de tradição… e de inovação

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Está em cartaz no Musée des Arts Décoratifs, em Paris, a 5ª edição da mostra AD Intérieurs, que a revista AD francesa promove todos os anos com os mais renomados decoradores daquele país.
Este ano, os criadores receberam uma proposta bem interessante: escolher uma das peças da coleção permanente do museu e criar o décor do ambiente para compor com esse móvel ou objeto. Bacana ver como as peças, de diferentes estilos e épocas, se integraram perfeitamente aos interiores idealizados para o evento.
Ao todo, foram 13 espaços, assinados por 16 designers bacanérrimos. Aqui, destaco meus favoritos. A mostra fica em cartaz até 23 de novembro – para quem tem planos de ir à cidade-luz nesse tempo, fica a dica!

Ambiente de Chahan Minassian: paleta monocromática e riqueza de texturas
Detalhe do ambiente de Chahan Minassian – ao fundo, persianas de metal corroído

Le bureau présidentiel – Chahan Minassian
Idealizado ao redor de uma espetacular escrivaninha criada em 1966 pelo escultor César (1921-1988), o escritório presidencial criado por Chahan Minassian combina, de forma surpreendente, a monumentalidade do décor a uma atmosfera convidativa. Peças como a escultura atrás da escrivaninha, de Harry Bertoia, e as persianas metálicas móveis, cujas aberturas são resultado da corrosão por um ácido, dão brilho especial ao lugar.

 

Na entrada do ambiente da dupla Gilles & Boissier, belo contraste entre o classicismo da vitrine do séc. 19 e a modernidade das portas com desenhos feitos a nanquim por Christian Astuguevieille
Vista parcial do ambiente de Gilles & Boissier: o décor é definido por tons neutros, exceção feita ao colorido interior da cabana instalada no centro do espaço
À esq., a cabana, criada em parceria com o atelier Petit H, da Hermès; e, à dir., detalhe do interior da cabana, pensada para abrigar a oficina de arts & crafts da proprietária

Le bureau en duo – Gilles & Boissier
A realidade de Patrick Gilles e Dorothée Boissier, companheiros na vida e no trabalho, deve ter inspirado a criação de seu espaço, um escritório pensado para um casal, com dois espaços independentes, um “masculino”, todo em branco, que envolve uma pequena cabana “feminina”, colorida por dentro, com muitos objetos de arte, e por fora, revestida com couro laranja. As peças do museu escolhidas pela dupla são duas vitrines (c. 1860) de madeira e bronze, com estátuas de mármore no topo, localizadas no hall de entrada do ambiente.

 

Entrada do pavilhão chinês de François-Joseph Graf
Na entrada do ambiente de Graf, destaque para os vasos e difusores de perfume chineses
Outro canto do ambiente de François-Joseph Graf
Detalhe do pavilhão de Graf: bela composição minimalista

Le pavillon chinois – François-Joseph Graf para Fendi
As peças escolhidas por Graf foram uma coleção de vasos e difusores de perfume chineses dos períodos das dinastias Yuan, Ming e Qing, destacados já na entrada do espaço, por meio de uma parede recortada para encaixá-los. No interior do pavilhão, o mobiliário de linhas rígidas contrasta com as peças decorativas como vasos e plantas, criando grande harmonia formal.

 

Vista da “caixa” criada por Vincent Darré, sempre com perfume surrealista
À esq., a escultura que inspirou o ambiente de Vincent Darré; e, à dir., luminárias assinadas pelo próprio

Le salon mis en caisse – Vincent Darré
Ao redor da escultura Accumulation Renault n.180, 1972, de Arman, Vincent Darré criou um living com sua tradicional pegada surrealista, envelopado em uma caixa fictícia de pinus e com as luminárias de olho e boca e as estampas que caracterizam seu estilo.

 

Vista do ambiente de Luis Laplace: uso de cores no espaço masculino
Detalhe do ambiente de Laplace: riqueza também de texturas e acabamentos

L’antichambre d’un séducteur – Luis Laplace
Porfirio Rubirosa, um playboy latino de meados do século 20, é o personagem que habita este espaço criado por Luis Laplace. O espaço masculino, mas provido de cores (com tonalidades profundas), capta a atenção e dialoga perfeitamente com a escrivaninha art déco de ébano de Macassar, peça do acervo do museu escolhida para inspirar o décor.

 

Le cabinet d’une elegante – Caroline Sarkozy e Laurent Bourgois
Um sofá com duas banquetas (c. 1775) de madeira talhada e dourada, que já pertenceram a Maria Antonieta, foram as peças escolhidas pela dupla para nortear o décor criado pela dupla Sarkozy e Bourgois. Partindo daí, eles se perguntaram: como seriam, hoje, os interiores da última rainha da França? O resultado é um espaço bastante claro, com poucos elementos de linhas limpas e riqueza de texturas.

 

Le salon faceté – Pierre Yovanovitch
A poltrona de jardim Biarritz (c.1926), criada por Pierre Dariel, foi a peça escolhida por Yovanovitch para iniciar a concepção de seu living, delimitado por paredes facetadas e com aplicações de vitrais geométricos abstratos. Destaque também para as arandelas gráficas desenhadas pelo decorador. Na antessala, paredes curvas revestidas com metal patinado reforçam a proposta intimista do espaço.

 

Le salon de bain – Charles Zana
Logo na entrada da sala de banho criada por Charles Zana já se avista a peça escolhida pelo decorador, um pendente escultórico criado por Ettore Sottsass em 1957. No ambiente principal, uma homenagem do arquiteto aos banhos turcos e romanos, as laterais são dedicadas à higiene e aos cuidados pessoais, concentrando banheira e pia, enquanto o centro reúne uma área de estar que convida ao relaxamento.

 

Vista geral do espaço onde se realizou a exposição; cada ambiente se localizava em uma “caixa” construída especialmente para o evento

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