“É possível perseguir a felicidade no design?” Com essa pergunta, Stefan Sagmeister abria sua palestra aqui em São Paulo, na semana passada. Promovida pela revista AbcDesign, a apresentação do designer austríaco (radicado em N. York) foi bem instigante. Sagmeister apontou duas questões que ajudam nessa “busca pela felicidade”:
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“fazer mais as coisas que se gosta e menos as que não se gosta”: parece óbvio, mas nem sempre é possível… fica mais viável depois que já se goza de uma certa reputação no meio.
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“saber a metade pra não ficar assustado e não saber a outra metade pra não ficar entediado”: essa já pode ser aplicada por praticamente todo mundo, em qualquer estágio da carreira. Afinal, quem assume um trabalho sem o conhecimento necessário certamente não obterá resultados satisfatórios (e muito provavelmente, terá sua reputação prejudicada); por outro lado, são a surpresa e o desafio que nos impulsionam, né?
Sagmeister também falou da importância de tirar períodos sabáticos para poder renovar a critividade. Segundo ele, nossa vida se divide em três partes: aprendizado (até os 25 anos), trabalho (dos 25 aos 65) e aposentadoria (após os 65). Sua proposta: passar a aposentadoria um pouco mais pra frente (para os 70 anos) e usar esses cinco anos como “créditos” para os sabáticos. Pra mim a ideia fez todo o sentido, e tenho certeza que a maioria absoluta da plateia se sentiu tentada a fazer o mesmo.
O “X” da questão está em como viabilizar esses períodos sem trabalhar. Mas com certeza vale a pena pensar no assunto… O resultado mostrado por Sagmeister foi realmente estimulante: além de ter sido uma experiência prazerosa, ele relata que seu trabalho se tornou uma vocação novamente. E a longo prazo, o resultado financeiro foi bem-sucedido: “tudo o que criamos nos 7 anos que seguiram o primeiro sabático teve sua origem nas reflexões feitas naquele ano”, disse o designer.
Outdoor em Lisboa: a técnica (papel que reagia à luz solar) reforçava a essência da mensagem (a importância de se agir enquanto é tempo), ao enfatizar o efêmero
Durante este primeiro sabático, Sagmeister fez uma lista de várias coisas que ele havia aprendido em sua vida e que considerava como pontos balizadores para suas atitudes (dentro e fora da profissão). E várias dessas frases – algumas delas mostradas neste post – foram usadas para compor trabalhos gráficos, apresentados em diferentes ocasiões, e reunidos no livro Things I’ve Learned in My Life so Far, lançado em 2008. Um quê de auto-ajuda combinado a imagens incríveis: sucesso garantido! O próprio formato do livro é muito bacana e mostra mais uma vez o tamanho do talento desse cara:
Já falei sobre o trabalho do Sagmeister em outro post (clique aqui pra ver); essa obra também integra o livro citado.
Só pra terminar, queria citar a diferenciação que ele fez entre os diferentes modos de se encarar o trabalho, que achei interessante:
- Emprego: se faz por dinheiro, das 9 às 5
- Carreira: ligada à evolução profissional e à promoção
- Vocação: é aquilo que nos realiza
Perfeito quando se consegue unir os três, né? 😉