“Não pretendemos inventar a roda, mas desejamos que determinadas tipologias sejam ‘contadas’ com nossas próprias palavras. Nosso processo consiste em experimentar incansavelmente proporções, pesos, matérias e a relação entre as formas”. A frase é de Gerson de Oliveira, da ,Ovo. Hoje, ele e Luciana Martins lançaram nova coleção e fui lá conhecer.
Gosto demais do trabalho da dupla: consistente, detalhista e também muito versátil, transitando do design industrial ao colecionável com a mesma desenvoltura.
Um olhar renovado sobre os clássicos
O não querer “reinventar a roda” se traduz em lançar um novo olhar sobre elementos como a palhinha e a tipologia de cadeira em que o encosto se prolonga para formar os braços, em uma só peça.
A cadeira Equador é um desses exemplos felizes. Além de extremamente confortável, chama atenção pela originalidade do assento, em dois aspectos. O primeiro é a estrutura “invertida”: as laterais do assento são oblíquas em relação à sua frente, mas num sentido contrário do habitual. Também merece menção o tratamento dado à palhinha: desconstruída, a trama é usada ora “completa”, ora incompleta, criando assim um grafismo geométrico muito bacana.
Merecem destaque ainda a mesa Quilha (cujas pernas, como o nome já indica, remetem à forma de uma quilha de barco) e as cerâmicas desenvolvidas em parceria com Nydia Rocha (de fina espessura, textura deliciosa e cores elegantérrimas).
Linha Trapézio se amplia
Vencedora do Prêmio Casa Vogue Design em 2020, a cadeira Trapézio agora ganha a companhia de uma poltrona, cujo desenho segue o mesmo princípio, só que acentuando ainda mais a geometria. Se na irmã mais velha, todas as linhas convergiam para um único ponto de fuga, na poltrona, existem dois pontos: as linhas verticais correm para um ponto central acima da peça, enquanto as horizontais se encaminham para outro ponto no horizonte, atrás da poltrona.