“Há algum tempo, a terra começou a me chamar muita atenção em viagens — pra onde quer que eu fosse, começava a reparar em como ela era: no Jalapão, no Xingu, no Atacama… Então decidi fazer uma pesquisa sem saber exatamente onde iria chegar com isso, experimentar mesmo.”
Assim a designer Ana Neute começou a me contar sobre sua nova coleção, Solo, que ela apresenta na SP-Arte Viewing Room a partir desta quarta-feira. São mesas de apoio, mancebo, vaso e castiçais que surgem a partir da combinação de diferentes tipos de terra e a técnica da taipa de pilão a uma marcenaria concisa — “para trazer leveza, porque a taipa é muito pesada”, explica Ana.
A partir de uma extensa pesquisa, desenvolvida ao longo de dois anos (com o apoio de Fernando Ogando, da Artesania Engenharia), foram produzidos os blocos em taipa que formam a base das peças. As partes em madeira (cedro, freijó ou imbuia) são fixadas na base por um sistema parafusado no volume maior e ocultado pelo paralelepípedo menor.
A taipa de pilão, vale lembrar, é um método de construção milenar que consiste em socar a terra dentro de formas de madeira com o auxílio de… um pilão, claro. Nos últimos anos, a técnica tem sido retomada na arquitetura não só por sua beleza, mas por se tratar de uma alternativa de baixo impacto ambiental.
Fotos e vídeo: Brejo | Direção de arte: Bruno Zampoli