Há alguns dias, estive em Curitiba para visitar a Bienal de Design, que terminou no dia 31/10. Fiquei impressionada com a abrangência e a consistência dessa Bienal, e otimista em relação aos rumos do design brasileiro: a tirar pelos produtos ali reunidos, arrisco a dizer que nosso design nunca esteve em um momento tão fértil, tão vigoroso.
Sob o mote “Design, inovação e sustentabilidade”, nove exposições foram organizadas, mostrando diferentes aspectos e setores do design:
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Design, inovação e sustentabilidade – era a mostra principal, e lá foram expostos cerca de 250 projetos de todo o Brasil. “Houve uma preocupação deliberada de diversificação de procedência geográfica dos trabalhos escolhidos, na busca de uma representatividade nacional”, explica Adélia Borges, a curadora geral da Bienal, também responsável pela curadoria da mostra principal.
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Sustentabilidade: e eu com isso? – a mostra de cartazes reuniu o trabalho de 20 profissionais e 10 estudantes (escolhidos por meio de um concurso), desenvolvidos a partir do tema geral da Bienal. “Com sua força sintética, os cartazes são uma excelente forma de comunicação e no Brasil não têm o incentivo que merecem”, destaca Adélia.
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A reinvenção da matéria – um panorama sobre os materiais (naturais e artificiais) que podem ser utilizados de maneira ecológica, incluindo-se aí a questão do reuso e da reciclagem.
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Design urbano: uma trajetória – apresentava o trabalho e o pensamento visionário do arquiteto, urbanista e administrador público Jaime Lerner.
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Bienais de design: primórdios de uma ideia – resgatava a história das primeiras bienais de design realizadas no Brasil (três edições no Rio de Janeiro, em 1968, 1970 e 1972, e duas em Curitiba, em 1990 e 1992).
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Memória da indústria: o caso da Cimo – mostrava a história da Móveis Cimo S.A., criada na década de 1920 e que constituiu “um dos marcos divisores entre a herança artesanal e o início da produção seriada no Brasil”, segundo Adélia Borges. A empresa existiu até os anos 1970.
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Memória do design no Paraná – resultado de uma pesquisa realizada pelos cursos de design da Universidade Positivo, a mostra destacava o trabalho de cinco designers com forte atuação no Paraná a partir da década de 1960: Guilherme Bender, Jorge de Menezes, Ronaldo Rego Leão, Manoel Coelho e Rubens de Palma Sanchotene.
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Novíssimos – projetos criados por estudantes de todo o Brasil.
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It’s a small world – a Dinamarca foi a presença internacional desta edição da Bienal, numa exposição que reunia design, artesanato e arquitetura como “um núcleo de criatividade na moldagem de nossa sociedade futura”, afirmam os curadores Christian Scherfig, Birgitte Jahn e Kent Martinussen.
Deu gosto de visitar as exposições, super bem organizadas e montadas, tanto do ponto de vista estético quanto do conteúdo (as legendas incluíam informações mais aprofundadas sobre os itens expostos, coisa que, infelizmente, não é comum). Ficam aqui os meus parabéns a todos envolvidos na organização do evento, em especial ao pessoal do Centro de Design Paraná e à Adélia Borges, que realizaram um trabalho seríssimo, cujo resultado certamente despertou em muitos visitantes, como em mim, um sentimento de alegria com o estágio atual do design brasileiro e a sensação otimista de que ainda podemos muito mais.
Pena que não tive uma semana inteira para visitar a Bienal… mas os dois dias de visita foram intensos e devo fazer mais alguns posts falando sobre mostras e/ou produtos específicos. Aguardem… e confiram! 😉
(Todas as fotos deste post foram gentilmente cedidas pela organização da Bienal. Créditos: Ernesto Vasconcelos e Diego Pisante / Agência Clix)