Na semana passada, visitei a mostra Jovens Designers em São Paulo. A exposição, realizada na Fiesp, reuniu propostas bem variadas, que abrangem desde mobiliário e utensílios domésticos até propostas de embalagens, acessórios de moda e equipamentos eletro-eletrônicos, por exemplo.
Os projetos que publico nest post chamaram especialmente minha atenção; em comum entre eles, o frescor do olhar de seus autores, cujas propostas representam inovações que, tudo indica, decorrem do questionamento sobre a própria natureza do produto, das demandas funcionais ao contexto cultural no qual o objeto se insere, passando pela preocupação com as necessidades sociais e ambientais.
No universo da casa, destaque para as propostas de Natália Petry (Unilasalle, RS), Luiz Carlos Bittencourt Junior (Univille, SC) e Eduardo Kim, Flávio Yamamoto, Márcio Dultra e Valdenor Bispo (Faculdades Osvaldo Cruz, SP).
Versátil, o Nas Nuvens (acima), criado por Natália Petry, pode ser usado como rede, colchão, poltrona ou pufe, conforme o desejo e a necessidade do usuário. Se pendurado como rede, a parte acolchoada fica virada para baixo; ao ser apoiado sobre o piso, inverte-se a posição e os gomos ficam voltados para cima, para garantir o conforto do usuário. As extremidades podem ser enroladas e presas, servindo de apoio para a cabeça ou as costas. Simples e muito bacana!
Flexibilidade de uso também é o mote do simpático módulo Baião (acima), projeto de Luiz Carlos Bittencourt Junior. O encaixe de diversas unidades pode formar móveis variados: pufe, banco, sofá e tatame. (Aparentemente esta peça não participou da exposição na Fiesp – pelo menos eu não a vi por lá –, somente do catálogo.)
Ainda na esfera doméstica, a jarra Swing (acima) tem uma proposta interessante: um peso extra aplicado ao centro da base elíptica garante o equilíbrio da jarra quando a mesma se movimenta, a partir de um leve toque na parte superior – o processo é lúdico, lembra a bricadeira com o boneco “joão-bobo”. A intenção dos designers Eduardo Kim, Flávio Yamamoto, Márcio Dultra e Valdenor Bispo é utilizar a própria movimentação da jarra para fazer a mistura dos ingredientes do suco. Adoraria poder fazer um teste pra saber se funciona bem nesse sentido, mas uma coisa é certa: a tal jarra deve ser à prova de bebês, como bem observou uma amiga que visitou a mostra comigo e é mãe de uma espoletinha de quase dois anos.
Da mesma forma que a jarra Swing inova ao transformar o objeto do projeto (jarra) a partir de uma referência de outra área (o brinquedo “joão-bobo”), a extensão elétrica (acima) criada por Daniel Leite Costa (Universidade Federal de Campina Grande, PB) propõe uma nova maneira de utilização, baseada, suponho eu, no mecanismo do grampo de roupa: o equipamento, dessa forma, pode ser facilmente acoplado ao tampo da mesa de trabalho, facilitando a organização dos fios.
Também me agradou a ideia de Igor Vilas Boas (UEMG, MG), que criou uma linha de bolsas para a Cooperarvore a partir de sobras de tecidos utilizados para o revestimento de bancos de automóveis. E as alças são feitas de… cintos de segurança! Além do apelo ecofriendly, o resultado estético ficou bem interessante, não acham?
O reciclo também é uma questão abordada no projeto da Mochilata (abaixo), desenvolvida por Giuliano Balsini (PUC-Rio, RJ). Além do suporte adequado para a coluna, a mochila se destaca pelas aletas superiores, que permitem que o catador “jogue” as latas por cima da cabeça, pois direcionam as mesmas para o interior da mochila.
Outra proposta que demonstra preocupação ambiental é a caixa de pizza criada por Cleiton Giacomozze da Silva (Faculdades Senai de Tecnologia, SP): a mesma peça (abaixo) pode ser dobrada de três formas, para acondicionar pizzas de diferentes tamanhos.
Ainda no universo das embalagens, achei super simpática a ideia de Antonio Augusto Trindade (UEMG, MG), que evocou a cultura popular mineira em sua proposta de embalagens para rapadura. Os personagens da Família Rapatacho remetem ao Mineirinho das Vertentes, boneco tradicional do artesanato na região de Campos das Vertentes. Após o consumo da rapadura, as embalagens assumem o papel de paper toys, e podem ser colecionadas – uma bos forma de valorizar e estimular as vendas do produto.
Por fim, destaco o projeto de Pedro Labate d’Almeida e Silva (Centro Universitário Senac, SP), que idealizou um abrigo temporário, de grande serventia em casos de catástrofes naturais – cada vez mais frequentes, diga-se de passagem. Feito em propileno alveolar, o abrigo permite a montagem rápida (e de baixo custo) em situações de emergência.
Pelo visto, o futuro do design brasileiro promete… 😉 Parabéns aos jovens designers, e que a iniciativas como essa possam servir de estímulo para incrementar o desenvolvimento do design em nosso país.
** Atualização: a mostra agora segue para Florianópolis (de 06 a 24 de outubro no Beiramar Shopping), Brasília (em novembro) e Belo Horizonte (em dezembro). As datas para Brasília e Belo Horizonte ainda não foram definidas, quando tiver mais notícias eu acrescento aqui. **
(Fontes das imagens: todas as fotos são minhas, exceto as fotos do Baião e da extensão elétrica. Nestes casos, clique nas imagens para acessar a fonte).
adorei os bancos com estampas coloridas, super primavera! designs incríveis mesmo!
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beijão