Na contramão da “onda verde”…

Tempo de leitura: 2 minutos
Vou dividir aqui uma historinha prosaica que me aconteceu ontem e me levou a pensar um pouco sobre a relação entre design, consumo e a “onda verde” que permeia nosso cotidiano com intensidade crescente, já há alguns anos… Foi o seguinte: comprei, no ano passado em Berlim, um mini fio-dental para levar na bolsa: a embalagem me chamou atenção por ser super pequenininha, de modo que ocuparia pouco espaço. Só que, quando abri, vi que o fio era muito grosso, e não passaria entre meus dentes. Mas fui deixando… Essa semana (4 meses depois!), me irritei e resolvi trocar o fio dental original por outro da Colgate, bem fininho, que uso normalmente.

Foi quando levei um susto: ao abrir a embalagem, vi que ambos tinham o rolinho interno praticamente do mesmo tamanho, e uma quantidade de fio muito similar!!! Como a embalagem do Colgate era grande (recentemente eles mudaram o shape da caixinha e ficou maior ainda), sempre me deu a impressão de que havia uma quantidade bem maior de fio dental ali. E essa deve ser justamente a ideia, não? (Abaixo, foto caseirinha das três embalagens; a embalagem atual da Colgate é a bem da direita)

Só que em tempos de consumo consciente, em que o mantra dos 3Rs (reduza, reutilize, recicle) é entoado por um número cada vez maior de designers – felizmente -, me parece que esse lance de usar uma embalagem gigante para “valorizar”o produto ou nos fazer acreditar que estamos comprando uma quantidade maior de produto (e assim pagarmos mais caro sem perceber) me parece totalmente fora de propósito, puro desperdício de matéria-prima. O truque é antigo, e muito usado na indústria de alimentos e cosméticos (o “potão” de creme normalmente tem um fundo falso ou algo do tipo), mas será que é compatível com a realidade atual? Eu não acho! E vocês?

7 comentários em “Na contramão da “onda verde”…

  1. Que horror…
    Deveriam fazer refil de fio dental pra vender, essas caixinhas duram muito pra serem descartáveis.

  2. Inacreditável, Winnie! Framboesa de Ouro para as embalagens brasileiras…

    Aliás, a Colgate é mesmo uma das azaronas. Comprei ontem uma pasta (também tamanho bolsa) que vinha mais lacrada que remédio — sem razão aparente alguma — ao menoa até onde a minha inteligência alcança. Pra abrir o lacre (grossíssimo, que não se sabe pra proteger do quê, já que o tubo é também feito de material super espesso e não deixa vazar nada como é comum a outros produtos) tive de usar um estilete. Dos grandes. Pra quê, gente?

  3. Paula, concordo plenamente com vc, se isso acontecesse seria ótimo…

    Las Hay, Las Hay, essa história que vc contou parece piada! Além de não prezarem a praticidade (premissa básica do design de embalagem), ainda atentaram contra a segurança do usuário – gravíssimo. :-/

  4. Em tempo: quando fotografei a caixinha do fio dental Colgate aberta, tinha acabado de tirar do pacote, ou seja, a quantidade de fio que aparecia ali era realmente o que vinha "de fábrica"…

  5. Winnie, estava vendo seu blog e vi esse post. Se for por uma condição de Size Impression, sem duvida é condenável… Prefiro acreditar em outra teoria… Que as caixinhas são maiores para melhor manuseio do usuário. As caixinhas muio pequenas podem ser ruins para usar… Eu acredito que mesmo assim seria possivel fazer uma embalagem pequena com alto grau de usabilidade!
    Abraços
    Léo – nodesign

  6. Oi Léo,
    Tomara que a mudança tenha sido mesmo para melhorar a usabilidade…
    Realmente as embalagens minúsculas não têm um manuseio tão fácil, mas também acho, como você, que é possível se chegar numa caixinha menor que seja, sim, boa de usar. Basta que a empresa queira, e contrate bons designers!
    😉

  7. Esse tipo de observação é muito importante. Eu deixei de comprar alguns produtos que tinham embalagem em excesso, embalagem embalando a embalagem.

Os comentários estão fechados.

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