Exposição em São Paulo confronta design brasileiro e polonês

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A fachada do Museu da Casa Brasileira, caracterizada para a exposição

Brasil e Polônia. Dois países com cultura tão diversas que são capazes de se relacionar plenamente quando o assunto é design. Eis o mote da exposição Diálogo Design: Polônia Brasil, que acontece no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, até 22 de outubro.

Organizada em parceria com The Spirit of Poland e Instituto Adam Mickiewicz, a mostra tem curadoria das polonesas Magda Kochanowska e Ewa Solarz e do brasileiro Gabriel Patrocínio, que focaram em estabelecer um paralelo entre as criações dos dois países.

Na entrada, uma série de cartazes vintage de promoção turística da Polônia, dos anos 1960 e 1970, recebe os visitantes e encanta pela expressividade – “toda a liberdade que não existia nos outros campos era usada nos cartazes”, ponderou Magda Kochanowska durante a visita guiada que conduziu, juntamente com Gabriel Patrocínio, na semana passada.

Cartazes vintage dão as boas-vindas aos visitantes
Cartazes vintage dão as boas-vindas aos visitantes
Cartazes vintage dão as boas-vindas aos visitantes
Cartaz de Jan Lenica
Cartaz de Wiktor Górka
Cartaz de Zbigniew Kaja e Grażyna Wyszomirska

Talvez a faceta do design polonês mais conhecida internacionalmente, os cartazes também marcam presença em outro momento da exposição: cinco designers gráficos poloneses e cinco brasileiros foram convidados para criar dois cartazes cada, um promovendo a Polônia e outro, o Brasil. O resultado é bem bacana, mostrando como cada um vê seu próprio país e o outro.

Gostei especialmente de dois dípticos: achei o de Marta Ignerska, no qual aves com as cores da Polônia e do Brasil se entreolham, examinam e reconhecem, super bacana pelo conceito e pelo resultado formal, enquanto o de Tymek Jezierski, conquistou pelo humor. Fazendo alusão a um ponto em comum entre os dois países – ambos possuem uma grande estátua de Jesus Cristo, o designer brincou com uma hipotética competição entre os dois países (a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tem 30 metros de altura, enquanto a estátua de Jesus Cristo Rei do Universo, erguido em 2010 na pequena cidade polonesa de Swiebodzin, tem 33 metros). Nos cartazes de Jezierski, o Jesus brasileiro aparece visivelmente aborrecido, enquanto o polonês está satisfeito por ter passado à frente.

Vista da exposição. A partir da esq.: dupla de cartazes criados pelo estúdio brasileiro Grande Circular, dupla de cartazes criados pelo polonês Dawid Ryski, tapeçaria do duo polonês Kosmos Project, bancos Carambola e tapeçaria Maracatu, do brasileiro Sérgio J. Matos, e parte do banco Solo, do brasileiro Domingos Tótora
Vasos Mathelada, luminárias Wool e alto-falante Gramophone, todos do Estúdio Pellanda-Ecker para a Holaria
Outra sala da exposição destaca as duplas de cartazes criadas especialmente para a mostra e as cerâmicas Lab Serias, da polonesa Alicja Patanowska
O díptico criado pela polonesa Marta Igniezka
E aqui, a criação de Tymek Jezierski

Além dos cartazes, o design de produto (representado por 25 itens de mobiliário, vidro e porcelana) também integra a exposição. As peças foram selecionadas segundo cinco temas/eixos: mobiliário, vidro, cerâmica, tradição e inovação. Além de designers brasileiros já conhecidos do público que frequenta o MCB, como Domingos Tótora, Jader Almeida e Sérgio J. Matos, a mostra apresenta nomes nacionais em ascensão, como os estúdios Furf Design e Holaria.

Do lado polonês, é uma ótima oportunidade para conhecer a icônica poltrona RM58, projetada por Roman Modzelewski nos anos 1950, mas colocada em produção somente em 2012, em função de limitações técnicas existentes na época de sua criação. Ou os vidros de Agniezka Bar, que explora técnicas tradicionais com um resultado bastante atual. Ou ainda o mobiliário de Oskar Zieta, que desenvolveu uma nova tecnologia na qual o aço ganha forma ao ser inflado.

Cadeira e espelhos de Oskar Zieta
Peças de Jader Almeida foram escolhidas para representar o vidro
Vista da exposição. Em primeiro plano, a cadeira RM58, projetada pelo polonês Roman Modzelewski no final dos anos 1950
Vista da exposição. Em primeiro plano, vidros de Agnieszka Bar
Outra vista da exposição
Outro ângulo da mesma sala mostra mais uma cadeira RM58 (à esq.) e, à dir., poltronas Costa e Verdeamarela, do estúdio brasileiro Furf Design

A mostra Diálogo Design: Polônia Brasil, que já havia sido exibida em Brasília e no Rio, traz para São Paulo uma novidade: uma sala dedicada a Jorge Zalszupin, polonês naturalizado brasileiro e cuja contribuição ao design nacional é de reconhecida importância. “Zalszupin personifica o diálogo que buscamos para representar a exposição como um todo. Reunimos um pequeno, mas significativo – quase icônico – conjunto de nove peças projetadas por ele. Isso mereceu um segmento especial”, explica o curador, Gabriel Patrocínio. São peças emblemáticas como a mesa de centro Pétalas, a poltrona Dinamarquesa ou o carrinho de chá, ou não tão conhecidas, como a mesa de centro 504, na qual o encaixe impecável entre a madeira dos apoios e o mármore do tampo é o centro das atenções, num móvel de grande síntese formal.

Na entrada da sala dedicada a Jorge Zalszupin, o livro sobre a obra do designer, assinado por Maria Cecilia Loschiavo e editado pela Editora Olhares
Sala dedicada a Jorge Zalszupin. A partir da esq.: mesa de centro 504 e mesa de centro Pétalas
Detalhe da mesa de centro 504 mostra a precisão dos encaixes
Sala dedicada a Jorge Zalszupin. A partir da esq.: mesa de centro Pétalas e banco Onda
Sala dedicada a Jorge Zalszupin. A partir da esq.: carrinho de chá, poltrona Paulistana, cadeira Jockey, poltrona dinamarquesa e cadeira de palha
Sala dedicada a Jorge Zalszupin. A partir da esq.: cadeira Jockey, poltrona dinamarquesa, cadeira de palha e criado-mudo modulado componível

 

Diálogo Design: Polônia Brasil
Museu da Casa Brasileira: Av. Brig. Faria Lima, 2.705, São Paulo.
De terça a domingo, das 10 às 18h.
Gratuito aos finais de semana e feriados

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