Todo produto fica mais bacana quando tem uma história por trás, e isso não é novidade. Mas quando essa história que reúne inovação, fortalecimento da identidade e sustentabilidade, o produto fica ainda mais atraente. Estou falando do Totomoxtle, um novo material folheado para superfícies interiores e móveis desenvolvido a partir de cascas de milho pelo designer mexicano radicado em Londres Fernando Laposse.
O produto chama atenção pela textura e pelo espectro de cores, que vão desde o amarelo suave até o roxo profundo, passando pelo vermelho – as cascas utilizadas são de espécies de milho nativas do México . “Acho que muitas pessoas não imaginam que temos muitas outras variedades além do milho amarelo que é vendido no supermercado”, diz Laposse.
Mas o projeto vai bem além da estética: a ideia central é valorizar a diversidade do milho nativo do México, uma forma de resistência ao crescente domínio da produção mecanizada e com sementes híbridas e geneticamente modificadas, que fez com que as famílias que plantavam milho de maneira tradicional no México não conseguissem mais sobreviver disso.
Assim, o Totomoxtle concentra-se na “regeneração de práticas agrícolas mexicanas tradicionais e na criação de um novo artesanato que gere renda para os agricultores empobrecidos enquanto conserva a biodiversidade para a segurança alimentar futura”, explica Laposse. “Percebi que, como designer, eu poderia tratar dessa situação. Então vi uma oportunidade em usar as cores vibrantes do milho nativo para fazer um novo material.” Com o auxílio do CIMMYT (o maior banco de sementes de milho do mundo), sementes de 16 espécies nativas foram restituídas aos agricultores locais, para que pudessem retomar o plantio.
A produção também é feita localmente, pelas mulheres dos agricultores – que podem trabalhar em casa e assim também cuidar de seus filhos. As cascas são cuidadosamente cortadas e separadas da espiga, depois são passadas e coladas num fundo feito com polpa de papel ou material têxtil. Neste ponto, o material está pronto para ser cortado em pequenas peças (a laser ou com “facas” tradicionais) que são finalmente remontadas numa espécie de marchetaria que pode ser usada em móveis, objetos ou revestimento de paredes internas. E o que sobra das cascas é usado para fazer adubo – ou seja, nada se perde. Bravo!
Eu o conheci em setembro em Londres. O trabalho é magnífico!
Também adorei, Adélia!! Bacana receber sua visita por aqui, apareça! 🙂