E se as abelhas pudessem ser fornecedoras de matéria-prima para o design? A ideia, que pode parecer estranha num primeiro momento, foi o ponto central da pesquisa desenvolvida pela designer Marlène Huissoud em seu mestrado em design no Central Saint Martins, na capital inglesa.
Vinda de uma família de apicultores, Marlène se inspirou na atividade da família e decidiu explorar, de forma inovadora, o própolis. Muitas vezes pensamos no própolis como remédio, mas, na natureza, ele nada mais é do que uma resina biodegradável que as abelhas coletam das árvores e usam para selar buracos indesejados em sua colmeia. “Todos os anos, os apicultores precisam remover um pouco do própolis para extrair o própolis das colmeias – estamos falando de quantidades bem pequenas, cerca de 100 gramas por colmeia a cada ano, o que torna o material bastante raro”, conta a designer.
A partir daí, surgiu a coleção From Insects, na qual a francesa radicada em Londres desenvolveu uma série de vasos executados com técnicas de normalmente usadas para trabalhar o vidro – a diferença, aqui, é a matéria prima: as peças são feitas de própolis negro, e nada mais. Detalhe: a cor do própolis varia de acordo com sua fonte – normalmente é marrom, mas Marlène escolheu usar o própolis preto, extraído das árvores de borracha.
Para dar forma aos vasos, a designer manipulou o própolis com técnicas normalmente usadas para trabalhar o vidro. Mas a coisa não foi tão simples quanto parece: para que o própolis se tornasse usável como matéria-prima, foi preciso “limpá-lo” primeiro: “Em seu primeiro estágio, o própolis é uma mistura mais de 50 componentes (cera, bálsamos, resinas, pólen, óleos essenciais)”, explica Marlène.
“Quis desenvolver meus materiais usando técnicas tradicionais. Fui trabalhar numa oficina vidreira para aprender com um artesão especializado. Tentamos com diferentes técnicas de vidro, incluindo as venezianas, vidro soprado e vidro gravado. Depois de vários experimentos, tivemos sucesso soprando o própolis usando a mesma técnica básica de sopro para vidro. O processo é longo porque o forno precisa ser adaptado especificamente para o própolis, já que seu ponto de fusão (100o) é bem mais baixo que o do vidro (1200o)”, completa a designer. Adorei o resultado!