Simple chic. Se fosse preciso usar só duas palavras para descrever a pousada Capim do Mato, eu usaria essas. Instalada em um lugar com natureza exuberante – junto ao Parque Nacional da Serra do Cipó, a 90 Km de Belo Horizonte –, a construção faz com que o hóspede se sinta no meio da mata. E essa ideia norteou todo o projeto, segundo a arquiteta Andrea Schettino. Assim, os espaços são bem abertos para o exterior e, além de aproveitar as vistas exuberantes, é possível também escutar uma cachoeira próxima à propriedade. Não precisa de mais nada, né?
Precisar, não precisa. Mas a pousada, que funciona há cerca de oito anos, inaugurou em maio deste ano um spa by L’Occitane (o único em solo mineiro), também com projeto assinado por Andrea. Como no projeto dos chalés, a arquiteta tratou de usar o relevo acidentado a seu favor: “em vez de ser um complicador, vejo que a topografia como aliada. É a partir dela que nasce o projeto”, argumenta.
Assim, a nova construção é escalonada, espalhada na propriedade, se organizando em diferentes níveis. Esse recurso possibilitou o mínimo de intervenção no terreno, uma preocupação da arquiteta, especialista em green architecture pela AIA, de Nova York. Nesta mesma toada, as madeiras utilizadas são todas de reflorestamento ou de origem biossintética (feitas com 70% de resíduos plásticos industriais e domésticos e 30% de resíduos de fibras naturais). Além da preocupação da arquiteta com o reciclo, outros aspectos pesaram para a escolha da madeira biossintética: “a durabilidade do material e a facilidade de manutenção eram fundamentais, já que a região tem a acesso difícil”.
Como seria esperado de uma construção no campo, a madeira é um dos principais materiais do projeto, mas sua presença é contrabalançada pelo uso do concreto aparente, numa linguagem clean e, ao mesmo tempo, elegante. O décor é bem despojado, mas sem perder o charme. Andrea fez questão de usar itens regionais. Assim, os espaços receberam móveis feitos na Serra do Cipó e em Lagoa Santa, peças de tear feitas em Betim e itens de arte plumária vindos de Lagoa Santa. Única exceção é a tapeçaria, comprada na Turquia e no Peru.
Ao redor dos diversos blocos que compõem a construção, o capim do cerrado é a estrela do paisagismo. A planta, já existente na região, foi replantada na propriedade de forma ornamental. O resultado é um cenário idílico: arquitetura agradável ao olhar, implantada de forma respeitosa para com a natureza e com vista para uma paisagem de tirar o fôlego. Melhor que isso, só com uma massagem pra acompanhar…