Gosto de tricô. Não de fazer, porque aprendi na adolescência e naquela época mesmo desaprendi (acho que não tenho a paciência necessária para desenvolver esse tipo de talento). Mas definitivamente sei apreciar e valorizar um ponto bem-feito e toda a sensibilidade que essa técnica envolve.
Confesso, no entanto, que ando meio saturada de ver produtos feitos com tricô pipocando por aí, em todo canto. Acho que a gota d’água foi quando vi, há alguns dias, uma “coleção” (assinada por uma designer) que reproduzia linguiças e cortes de carne e peixe. Qual seria o propósito disso? Sinceramente, não consegui entender ainda…
Preferiria acreditar que, no caso do trabalho mostrado acima, intitulado Knit Meat, a designer Stephanie Casper resolveu simplesmente brincar, buscar alguma distração, e o povo levou a sério – os cinco itens anunciados no Etsy já foram comercializados.
Por outro lado, tem um outro trabalho com tricô que considero bacanérrimo (e acho que foi uma forte influência para essa moda do tricô no design e na decoração). É o “grafite com tricô”, que a artista Magda Sayeg e o movimento Knitta Please têm espalhado pelas ruas de diversas cidades há um tempinho. Em julho do ano passado, em Milão, me deparei com esse poste aí de cima “vestido” com tricô e, claro, fiquei muitíssimo intrigada sobre o que seria aquilo. Mais tarde, já de volta a São Paulo, fiquei sabendo mais sobre o tal grafitti de tricô, que estava fazendo sucesso na internet. (Abaixo, imagens de N. York e Cidade do México; para ver mais fotos, clique aqui.)
O conceito, nesse caso, é bastante forte: “ao inserir arte feita à mão em uma paisagem de aço e concreto, buscamos trazer calor aos equipamentos urbanos. O knit graffiti nos reconcilia com nosso ambiente (…) e com todo o mobiliário em nosso universo urbano que passa desapercebido todos os dias. E, claro, Knitta torna as ruas mais bonitas ao longo do caminho”, explica Magda Sayeg no blog do Knitta Please.
Trata-se, aqui, da humanização do ambiente urbano, valendo-se da tradição e da memória afetiva despertada pelo tricô. Como no caso das peças do Knit Meat, há o deslocamento de uma técnica tradicionalmente ligada ao vestuário para outras esferas, mas no caso do Knitta Please o recurso não é gratuito, tem objetivo muito claro.
A sensação que tenho é que o apelo do tricô – que fica evidente em iniciativas como o Knit Meat – já é uma tendência consolidada. A impressão é reforçada por uma iniciativa recente da Smart, que forneceu um carrinho para ser vestido com tricô como parte do festival Il Lusso Essenziale, realizado em Roma em meados de maio.
Vendo tudo isso, eu me pergunto: seria o tricô o novo feltro? Em 2005, quando visitei a Tendence Lifestyle, em Frankfurt, foi a primeira vez que produtos em feltro (tapetes, bolsas e até joias) começaram a me chamar atenção. O que então era novidade, um tempinho depois virou uma “febre”, para mais tarde cair em total desuso (ciclo natural ao qual estão sujeitas essas microtendências). Quando uma tendência se difunde tanto a ponto de se vulgarizar, a gente já sabe que o próximo passo é a queda… Agora é esperar pra ver o quanto o tricô ainda vai resistir. Alguém arrisca um palpite?
(Via Designboom e Inhabitat. Foto do Smart: StartTheDay/Flickr )
Oi, Winnie!
Concordo plenamente com você. E também penso que o crochê, assim como o feltro, também não vai durar muito, pois são altamente perecíveis (ainda mais expostos assim, ao tempo). De qualquer maneira, eu adoraria ter aquele Smart Vintage, modelo vovó prendada…ehehehe
Oi Lígia!
Faço coro com você: também achei o Smart muito simpático. Só não cheguei à conclusão sobre um aspecto bastante prosaico (mas imptte): o da limpeza. Ainda não sei se o fato de não poder lavar o carro é vantagem ou defeito…
Me veio agora à cabeça um paralelo meio esdrúxulo, mas acho que serve… o Smart com a roupa seria como uma cabeça com dreadlocks: muito prático não lavá-lo no dia-a-dia, mas quando a sujeira acumular e o encardido ficar insuportável, a única saída é cortar os dreads fora (ou deixar o Smart peladinho outra vez).
🙂
Aahahaha… bem pensado. Mas o Smart é lindo, peladinho ou vestido!
Aaaaah, também acho!! 😉