Ao lado dos shopping centers e supermercados, os aeroportos estão entre os mais conhecidos exemplos de não-lugares. Ocupados por pessoas sempre em trânsito, estes “espaços de ninguém” se caracterizam, dentre outros fatores, pela falta de identidade, como aponta Marc Augé em seu conhecido livro Não-Lugares.
No caso dos aeroportos, especificamente, a uniformidade da linguagem arquitetônica (normalmente formada por elementos metálicos e vidro) e dos sistemas de sinalização faz com que praticamente todos os aeroportos, onde quer que se localizem, sejam muito parecidos, sem qualquer elemento que os relacione com o contexto onde estão inseridos.
Abordagem completamente diferente foi adotada no recém-inaugurado terminal 3 do aeroporto internacional Indira Gandhi, em Nova Délhi. Os administradores do aeroporto decidiram dar ao terminal uma ideia de contexto, evidenciando valores indianos. Achei o resultado muito bacana, vejam só:
Concebido pelo escritório indiano Incubis Consultants, o projeto de interiores do novo terminal se destaca por uma grande instalação localizada no saguão principal, na qual mãos gigantes saem de uma parede revestida com discos metálicos.
“O posicionamento básico que criamos para o terminal foi ‘Índia Expressiva’. Todas as danças indianas clássicas usam mudras (gestos com as mãos). É um vocabulário comum”, disse Amit Gulati, do Incubis, ao Wall Street Journal. (Para ver o significado dos nove mudras usados no projeto, clique aqui)
A concretização da ideia da instalação ficou a cargo do designer indiano Ayush Kasliwal, que utilizou 675 discos de alumínio com revestimento em cobre, sustentados por uma estrutura em alumínio fundido, que também sustenta as nove mãos, feitas em resina com pintura metálica para serem mais leves (ou menos pesadas – cada uma pesa cerca de 150 quilos!).
Se a moda pegar, a neutralidade entediante dos aeroportos estará com os dias contados… tomara!
(Via The Wall Street Journal / Fotos: Incubis Consultants)