Se, por um lado, as formas sutis (tema do post anterior desta série) voltam a ganhar espaço, este ano Milão surpreendeu ao potencializar esta leveza até o limite da desmaterialização. E se a forma não for mais um dos elementos definidores do design?
Essa ideia pode pode ser percebida com clareza na linha The Invisibles, criada pelo designer japonês Tokujin Yoshioka para a Kartell. Conforme as condições de luz e o entorno, as peças (feitas em policarbonato cristalino) podem se tornar praticamente invisíveis. “A presença do objeto é erradicada e cria-se o cenário de alguém sentado flutuando no ar”, conceitua o designer.
Tokujin propõe a desmaterialização visual do objeto. Mas essa “não-presença” atinge um grau ainda mais intenso com a Chairless, proposta do chileno Alejandro Aravena lançada pela Vitra.
Trata-se de uma tira de tecido super resistente e regulável que envolve o corpo do usuário e permite que ele sente relaxadamente, pois distribui a pressão e dá o suporte necessário para as costas (aquilo que fazemos intuitivamente ao abraçar os joelhos). A diferença é que as mãos agora estão livres para comer, ler, usar o celular, o iPod, o iPad, etc…
Criada para o “nômade moderno”, como explica a empresa, a Chairless* é uma boa solução para aquelas situações em que cadeiras não estão disponíveis, mas o conforto é bem-vindo (isso sempre!), de um piquenique no parque à não tão agradável espera em um saguão de aeroporto lotado.
Quando o principal lançamento de uma empresa que é famosa por suas cadeiras é uma “não-cadeira”, é um sinal ao qual devemos atentar. Como bem observou em seu blog o Justin McGuirk, crítico do Guardian, a proposta de Aravena representa “o limite irredutível do que uma cadeira pode ser, o momento quando o substantivo (cadeira) se torna verbo (sentar)”. Será que podemos esperar desdobramentos?
* Para desenvolver a Chairless, Aravena baseou-se em um equipamento usado pelos índios Ayoreo, uma tribo nômade que vive na região do Gran Chaco, na fronteira entre Paraguai e Bolívia.
(Fontes: Tokujin Yoshioka, Kartell e Vitra)
nossa, adorei a invisible! Cabe em qlq lugar por ser transparente dá pra combinar com inumeras cores, além do conceito ser super bacana. adorei! um bjo! 🙂